C o m u n i c a ç ã o L i v
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Resumo
A mão estrangeira: um desafio para o
desempenho ocupacional
Ricarda Catalão
Os adultos com sequelas de lesão cerebral aguda ou
degenerativa apresentam comportamentos motores singulares e pouco esclarecidos,
afigurando-se por vezes, difíceis de interpretar pelos respectivos cuidadores
e, pelos próprios terapeutas ocupacionais, peritos na análise do desempenho.
Um desses comportamentos é a mão estranha (alien hand, main étrangere), uma
disfunção do acto motor, cuja literatura é escassa e confusa, o que revela a própria complexidade dos fenómenos a ela
associados, assim como, a sua compreensão mais generalizada.
Este trabalho, que resulta de uma criteriosa
revisão bibliográfica e da recolha de experiências da autora, pretende
contribuir para esclarecer os aspectos relacionados com a intervenção
(avaliação e treino) deste fenómeno, que se apresenta em três formas distintas:
a variante frontal, em que o utente manifesta um comportamento motor de
utilização; a variante calosa, em que a
mão estranha, desfaz o que o que a outra mão realiza voluntária e
intencionalmente; a variante sensitiva, na qual, o utente apresenta uma ataxia
sensitiva que aparenta uma espécie de levitação do próprio braço.
O conhecimento da base neurológica de um problema
de desempenho é de extrema importância no raciocínio clínico de um terapeuta
ocupacional, nomeadamente, para a escolha dos meios de avaliação, e do processo
de treino e ensino ao utente e aos cuidadores.
A revisão bibliográfica e a apresentação de casos,
que constitui este trabalho, pretendem, de forma sucinta, contribuir para
esclarecer este tipo de disfunção do acto motor, com o objectivo expresso de
maximizar o desempenho dos respectivos utentes. O ensino de estratégias internas
e externas específicas, poderá ser determinante no desempenho ocupacional
progressivo das actividades da vida diária destes utentes, aumentando a sua
funcionalidade e potenciando a sua adaptação ao meio.
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